Eixos Temáticos
António Bento Gonçalves | Miguel Leal | Susana Pereira
O eixo temático pretende promover o debate sobre a análise e compreensão dos processos naturais e dinâmicas ambientais, bem como sobre os seus efeitos e consequências na sociedade. Procura-se fomentar um diálogo crítico e propositivo sobre os desafios atuais e futuros que se colocam aos territórios, num contexto de aumento da frequência e magnitude dos eventos extremos.
Neste sentido, torna-se essencial definir estratégias eficazes de mitigação e adaptação às alterações climáticas, reforçando a importância dos instrumentos de ordenamento e gestão do território.
A expansão urbana e a procura por locais valorizados do ponto de vista paisagístico, mas com elevada suscetibilidade a determinados perigos naturais, tendem a agravar problemas existentes ou a gerar novos problemas. Paralelamente, a crescente concentração populacional nas cidades e áreas metropolitanas aumenta a exposição de pessoas e infraestruturas aos processos perigosos, ampliando os impactos e consequências dos eventos danosos. Esta pressão sobre as áreas urbanas contrasta com o despovoamento dos territórios rurais, o seu declínio socioeconómico e o abandono das práticas de gestão, acentuando desequilíbrios regionais, favorecendo a ocorrência de incêndios rurais e a expansão de áreas em processo acelerado de degradação.
Este eixo temático valoriza abordagens centradas na avaliação integrada do risco, na interação entre as componentes natural e social e na discussão de estratégias de redução, mitigação e adaptação aos riscos naturais e ambientais.
António Vieira | Diogo Costa | Raquel Melo
Este eixo temático convida à reflexão sobre como os sistemas físicos que integram o relevo, o clima, os solos ou hidrologia se interligam com os sistemas biológicos, a flora, a fauna e o próprio ser humano, para formar paisagens complexas e em constante transformação. Propõe-se uma abordagem integrada sobre os sistemas biofísicos, destacando os processos, dinâmicas e interações que moldam os ambientes naturais e suas relações com as atividades humanas. Partindo de uma perspetiva geográfica, poderão ser explorados temas como os ciclos hidrológicos e biogeoquímicos, a dinâmica do uso e cobertura do solo, as alterações climáticas, e a resposta dos ecossistemas a pressões antrópicas e ambientais.
Pretende-se reunir contribuições que analisem diferentes escalas espaciais e temporais, desde abordagens locais e estudos de caso regionais até modelos globais, promovendo a troca interdisciplinar entre investigadores em geografia, ecologia, geociências e ciências ambientais. Trabalhos que abordem aplicações de inteligência geoespacial, modelação ambiental, e deteção remota são bem-vindos, assim como estudos que discutam os efeitos das políticas públicas sobre os sistemas naturais.
Ao promover o diálogo entre diferentes linhas de investigação, este eixo temático pretende aprofundar o entendimento das interdependências entre processos biofísicos e oferecer bases sólidas para a gestão sustentável dos territórios. Serão privilegiadas apresentações que demonstrem como a análise integrada dos sistemas biofísicos pode apoiar decisões em planeamento territorial, conservação da natureza e adaptação às mudanças ambientais globais.
Albano Figueiredo | Cesar Capinha | Miguel Araújo
A biodiversidade tem-se afirmado como indicador do estado de conservação dos ecossistemas e da sua capacidade para providenciar serviços essenciais. O seu conhecimento revela-se, por isso, fundamental para apoiar a definição e implementação de estratégias de proteção e valorização ambiental, desde a recuperação de habitats até à delimitação de usos do solo, frequentemente plasmadas em instrumentos de ordenamento do território. Na atualidade, a biodiversidade encontra-se no epicentro de profundas transformações resultantes de pressões múltiplas que atravessam sistemas naturais e sociais à escala global. Entre estas dinâmicas destacam-se as alterações climáticas, a reconfiguração dos padrões de uso e ocupação do solo, bem como a crescente movimentação de espécies provocada pela ação humana. Estes fenómenos estão redesenhar ecossistemas, paisagens e biogeografias, com implicações significativas para a sua conservação e gestão.
As mudanças climáticas, em particular, estão a alterar padrões ecológicos e a exercer pressão acrescida sobre espécies e habitats, muitas vezes ultrapassando os seus limites de tolerância. Paralelamente, processos como a intensificação agrícola, a expansão urbana, a desflorestação e o abandono rural contribuem para a fragmentação e perda de habitats naturais. A crescente mobilidade e a introdução de espécies exóticas, colocam ainda novos desafios à gestão territorial e à conservação da natureza, exigindo respostas inovadoras e integradas.
Este eixo temático convida à apresentação de comunicações que explorem os efeitos destas grandes transições sobre a biodiversidade, sua distribuição, composição e função, através de estudos de caso, análises territoriais, abordagens metodológicas, ou perspetivas críticas. O objetivo é fomentar o debate em torno das interações entre biodiversidade, transições globais e território, promovendo a uma leitura renovada da biogeografia num mundo em que a biodiversidade emerge como um reflexo das dinâmicas humanas.
Adélia Nunes | Carlos Guerra | Teresa Pinto Correia
Este eixo temático propõe-se a discutir os processos de transformação das paisagens contemporâneas à luz dos desafios socioambientais do século XXI. Tendo como ponto de partida a abordagem geográfica da paisagem enquanto construção dinâmica e resultado da interação entre fatores naturais e humanos, pretende-se refletir sobre como os modelos de uso do solo, a conservação da natureza, as práticas agrícolas, e as dinâmicas urbanas e industriais, bem como as políticas públicas e as alterações climáticas, moldam e reconfiguram os territórios.
Aceitam-se contributos conceptuais, metodológicos e de aplicação que explorem a sustentabilidade da paisagem, entendida não apenas como conservação ecológica, mas também como capacidade de adaptação e resiliência social e territorial. Privilegiam-se abordagens interdisciplinares que integrem saberes da geografia física e humana, da ecologia da paisagem, do ordenamento do território e da ciência da sustentabilidade. Serão particularmente valorizadas comunicações que analisem casos de estudo representativos, que revelem conflitos e sinergias entre conservação e desenvolvimento, ou que proponham instrumentos inovadores de avaliação, monitorização e gestão da paisagem em contextos urbanos, rurais ou periurbanos.
Carlos Gonçalves | Jorge Gonçalves | Helena Madureira
Promover a resiliência em contextos de múltiplas incertezas, alimentadas pelas profundas transições socioambientais em curso, tem sido uma das principais preocupações da investigação, das práticas e das políticas para as cidades e para as regiões. Face à trágica sincronização e até sobreposição das consequências das crises ambientais, económicas, sociais e políticas, o fortalecimento da resiliência evolutiva, vista aqui como um poder de adaptação, aprendizagem e transformação em lugar de uma mera resistência a tensões, assumiu hoje uma prioridade estratégica para todos os territórios.
As áreas urbanas e as regiões constituem quadros territoriais com dinâmicas distintas, sendo por vezes complementares e, em certos contextos, concorrenciais. No entanto, ambas são fundamentais para a promoção da coesão territorial, contribuindo para um equilíbrio mais justo na distribuição de recursos, responsabilidades e oportunidades para o desenvolvimento. Estes espaços concentram grande parte da população, mas também dos recursos essenciais para um futuro mobilizador. Tornam-se, por isso, espaços privilegiados para explorar, teoricamente e na prática, estratégias visando a resiliência evolutiva. É aqui que se impõe cruzar este universo com as questões fundamentais da Geografia: Resiliência para quem? Onde? Para quê? Quando? Porquê?
A procura destas respostas aproxima este urgente debate dos fundamentos da justiça espacial. Como identificar justiça espacial num contexto urbano? De que forma a justiça pode ser uma condição necessária para promover a resiliência em cidades e regiões, permitindo ganhos sustentáveis em qualidade de vida, diversidade, redundância funcional e acesso equitativo a oportunidades, mesmo na sombra das muitas crises e urgências? Como se traduz na vida quotidiana e em contextos prospetivos?
Assim, este eixo temático acolhe com entusiasmo propostas que contribuam para o aprofundamento dos quadros teóricos e da investigação aplicada dedicados à construção de cidades e regiões mais justas e resilientes, vistas pelo ângulo da sua capacidade de enfrentar as profundas e disruptivas transições societais em curso.
António Alberto Gomes | Cláudia Viana | José Muñoz-Rojas
Este eixo temático acolhe propostas que aprofundem a dimensão operativa e experimental da investigação e da prática em Geografia, com especial ênfase nas metodologias, tecnologias, abordagens, práticas e técnicas utilizadas na análise, interpretação e representação do território e do espaço geográfico. Pretende-se reunir contributos que, a partir de diferentes perspetivas disciplinares e contextos empíricos, e mediante o uso de diferentes técnicas e tecnologias, explorem métodos inovadores ou revisitem abordagens clássicas de forma crítica e reflexiva. São particularmente bem-vindas propostas que envolvam práticas participativas, modelação espacial, análise estatística e prospetiva, abordagens qualitativas, qualitativas e misturadas, cartografia crítica, aplicação de geotecnologias avançadas, entre outras.
Este eixo pretende ser um espaço de partilha sobre os processos de investigação e de prática que estruturam o conhecimento e a ação sobre o espaço geográfico e o território, tanto na investigação académica quanto na prática profissional. O eixo convida à discussão sobre os meios, as abordagens e as ferramentas da investigação e ação, incluindo a sua dimensão epistemológica, ética, e aplicadas à esfera social e política. Pretende-se, assim, fomentar o debate sobre o papel das metodologias e tecnologias na construção de conhecimento e uma prática geográfica robusta, crítica e comprometida com os desafios territoriais contemporâneos.
Eusébio Reis | Nuno de Sousa Neves | Rossana Estanqueiro
A análise espacial integra uma abordagem de des-construção re-creativa, numa perspetiva de realização de processos exploratórios, que permitam a identificação de novas abordagens e formulações explicativas para fenómenos espaciais ou integrando dimensões espaciais.
O processo de modelação de dinâmicas territoriais integra uma dialética prospetiva, em que a estruturação sistémica combina componentes de experimentação na criação de novas variáveis que, por sua vez, se articulam no estabelecimento de cenários de representação e caracterização.
Se as características do modelo de representação constituem a base, a estrutura sobre a qual se descobrem possibilidades de exploração, é a criatividade combinatória, a capacidade de desconstruir para criar de novo, que permite a geração de novas métricas espaciais, de elevado valor explicativo e, sobretudo, de integração e replicabilidade.
A replicabilidade em modelação geográfica é a base da formalização e da expressão analítica de uma abordagem geográfica que é, em si mesma, resultado, processo ou base geradora, de sucessivos novos processos exploratórios.
Este eixo temático visa constituir um espaço de apresentação de trabalhos de investigação, em que as diversas abordagens e métodos de “análise espacial e modelação de dinâmicas territoriais”, possam ilustrar a variedade de áreas de aplicação e os contextos de inovação em que se inserem.
André Carmo | Elisabete Fiel | Fátima Velez de Castro
Num mundo em acelerada transformação, o pensamento geográfico torna-se um instrumento essencial para interpretar criticamente os desafios contemporâneos e propor caminhos para a construção de territórios mais justos e sustentáveis. Este eixo temático propõe-se explorar as interligações entre o conhecimento geográfico, os processos educativos e as múltiplas expressões da cultura de território, valorizando abordagens que promovam a cidadania territorial e o compromisso ético com os lugares.
A educação geográfica, formal e não formal, desempenha um papel estratégico na formação de consciências críticas, capazes de compreender as dinâmicas sócio-espaciais e de intervir de forma informada e responsável nos contextos em que se inserem. Simultaneamente, a cultura de território, enquanto expressão identitária das comunidades, constitui um elemento central para o reforço da coesão social, da memória coletiva e da apropriação simbólica e material dos espaços vividos.
Este eixo acolhe contribuições que reflitam sobre os fundamentos epistemológicos e metodológicos do pensamento geográfico, as práticas pedagógicas inovadoras, os processos de construção do conhecimento em diferentes escalas e contextos, bem como as relações entre território, património, arte e cultura. Ao reunir investigadores, educadores, técnicos e estudantes, pretende-se fomentar um debate plural e interdisciplinar que valorize o papel da Geografia na promoção de sociedades mais conscientes, participativas e solidárias.
Dulce Pimentel | Filipe Ribeiro | Jorge Malheiros
Enquadrados pela relação população-território e pelas duas questões-base (onde? E porquê aí?), que latu sensu melhor traduzem os propósitos da Geografia, a análise dos desafios da demografia tem acompanhado a evolução moderna da disciplina, contribuindo para evidenciar o seu reconhecimento social.
Atualmente, em Portugal, as questões demográficas e a sua análise geográfica mantêm uma pertinência significativa, marcada por três grandes desafios: i) o envelhecimento; ii) as migrações internacionais e iii) o acentuar dos desequilíbrios demográficos no território. Estes desafios, não sendo exclusivos do país, o que aponta para a necessidade de análises comparadas, designadamente ao nível ibérico e europeu, vêm assumindo particular expressão, articulando-se com outras dimensões essenciais da economia e da vida social, destacando-se, por exemplo, o bem-estar da população.
Nesse sentido, entende-se a demografia numa perspetiva relacional, que se articula com a Geografia da Saúde, área em afirmação, essencial para compreender processos como o envelhecimento e o bem-estar que, por sua vez, remete para a análise da qualidade de vida, considerada a escalas diversas, do intraurbano ao internacional.
Partindo deste quadro, este eixo temático acolhe comunicações que, entre outros, explorem diferenças territoriais nos padrões e dinâmicas demográficas; mobilidades humanas, urbanas, internas e internacionais; determinantes da saúde da população nos vários territórios; desafios territoriais no acesso ao sistema de saúde; perspetivas e fatores de evolução da população a escalas diversas; contributos geográficos para novas perspetivas da saúde como One Health ou Global Health; qualidade de vida, alternativas, oportunidades e fixação de população.
Claudete Moreira | Hélder Lopes | Jaime Serra
O eixo temático propõe uma reflexão crítica multi e interdisciplinar sobre o papel do turismo na transformação dos territórios e na vivência dos lugares, integrando dimensões políticas, ambientais, sociais, culturais e cognitivas.
Reconhecendo a importância do turismo em diferentes escalas, valorizar-se-ão abordagens que questionem os seus impactes nos processos de ordenamento do território, nas dinâmicas identitárias e na qualidade de vida das comunidades locais.
São especialmente relevantes os contributos que explorem o turismo urbano, a turistificação, e as suas implicações na reconfiguração espacial, nas práticas culturais e nas desigualdades sócio-espaciais, assim como estudos que analisem o potencial do turismo em contextos de baixa densidade, áreas rurais ou protegidas, onde o património – material e imaterial – se assume como recurso endógeno e elemento diferenciador. A estes somam-se o turismo e o património nas áreas do litoral, nas áreas insulares e nas áreas de montanha.
Este eixo valorizará os seguintes temas: destinos turísticos inteligentes; tecnologias digitais na gestão, conservação e promoção do património; o uso de tecnologias cognitivas, como as aplicadas no neuroturismo, e como estas podem contribuir para uma leitura mais fina da perceção sobre os territórios e da experiência dos visitantes e dos residentes; a gestão do património; as rotas culturais e patrimoniais; as políticas públicas, a mobilidade sustentável e o turismo.
Pretende-se, assim, reunir perspetivas críticas, estudos de caso e propostas metodológicas que permitam pensar o turismo e o património, orientadas por princípios de equidade e de sustentabilidade, que considerem a singularidade, a diversidade e a complexidade dos territórios.